Hoje eu senti um cheiro que abriu uma janelinha em minha memória olfativa: chá de capim- limão. Impossível não voltar ao tempo de criança e não lembrar quando ficava doente e minha mãe preparava um delicioso, quente e docinho chá de capim-limão. O cheiro também trouxe a saudades, de minha avó, daquele jeito que só sabe quem perdeu uma pessoa muito querida há bastante tempo, mas não o suficiente para conseguir evitar as lágrimas nos olhos quando algo nos traz sua presença tão perto da gente.
E como estou precisando de colo esses dias comecei a pensar que, entre as diversas “qualidades” ou “requisitos” que envolvem a tarefa de ser mãe está a de ser forte, sempre. Não no sentido de força física, mas essa também é necessária.
Ser mãe é ouvir, conversar, dar remédios pro corpo quando é necessário e pra alma também, levar ao médico, dentista, ginástica, catequese, inglês e todas as demais aulas ou atividades que aproximam a vida de nossos filhos à realidade de um adulto. Pensar no café da manhã, sem esquecer o almoço, o jantar, o lanche da escola e que amanhã começa tudo de novo.
Preocupar-se com as provas da escola como se fossem suas, sendo que faz algum tempo que você não precisa provar mais nada a ninguém.
Mas tem momentos em que dá uma vontade ser ouvida, ganhar remédio para o corpo e um pouco de afeto pra males da alma, vontade de chorar como criança, sem motivo, apenas por chorar.
Então essas vontades entram em choque com o tal atributo “força” que a mãe deve mostrar, afinal, mãe não pode ficar doente, carente, frágil ou apenas amuada.
Já ouvi de uma pessoa cuja vida de espinhos deu-lhe uma couraça dura e resistente a “dores na alma” não tão importantes assim, de que tracei um caminho sem volta. Isso eu sei, nem penso em voltar atrás, queria apenas, por alguns momentos, ter direito de ser um pouquinho frágil, de precisar dos outros sem justificativas ou momentos especiais.
Acho que quem teve muito carinho sente falta um pouco dos mimos de criança e quem não teve nenhum, não entende o motivo de tanta sensibilidade. São os paradoxos que surgem nas encruzilhadas de caminhos tão diferentes que resolvem se unir. E isso eu já entendi, caso contrários, os caminhos já estaria há muito separados.
Só sei que amanhã vou procurar o tal do capim-limão, pra tentar, de modo paliativo, substituir o insubstituível...
E como toda mãe, preparar também para os filhos, o marido, porque afinal, esta aí uma tarefa que não cessa nunca....